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#24 Elon Musk: o visionário que ainda vive no século XIX
Rumo a Marte
Nos últimos dias, mergulhei na biografia de Elon Musk, escrita por Walter Isaacson. Um livro denso, cheio de detalhes técnicos e histórias de bastidores, que escancara a mente de um dos homens mais influentes do nosso tempo. A leitura me prendeu literalmente. Algumas horas queria jogar o livro longe e ao mesmo tempo queria continuar lendo.
A admiração veio rápido. Mas a inquietação também.
Musk é, sem dúvida, um dos maiores visionários da atualidade. Ele pensa grande — em escalas que parecem inatingíveis. Enquanto a maioria ainda discute como melhorar o transporte urbano, ele está reinventando a indústria automobilística, os foguetes e a inteligência artificial. Seu olhar está em Marte. Literalmente. Ele quer garantir a sobrevivência da humanidade em outros planetas. Quer criar um futuro onde problemas históricos — como energia suja, mobilidade, superpopulação — sejam solucionados com inovação de ponta.
Mas, à medida que avançava na leitura, fui percebendo algo desconfortável.
Esse homem que desafia os limites da física e da engenharia…
Ainda pensa a vida pessoal com os moldes do século XIX.
A maneira como se relaciona com os filhos, com as mulheres, com o tempo e com as emoções revela uma visão ultrapassada. Um tipo de masculinidade que romantiza o sacrifício, que valoriza a frieza como sinal de foco, que desumaniza relações em nome da eficiência. Musk trata pessoas próximas como recursos — às vezes como peças de um sistema que precisa funcionar sem interrupções.
O gênio, ao que parece, convive com um homem emocionalmente empobrecido.
E esse contraste me levou a uma pergunta poderosa:
É possível admirar a genialidade sem reproduzir o modelo?
Acredito que sim. Aliás, acredito que é necessário que façamos essa distinção.
Podemos nos inspirar na ousadia, na ambição, na coragem de executar grandes ideias. Podemos olhar para a trajetória dele como exemplo de como uma visão clara e determinada pode mover o mundo.
Mas também podemos — e devemos — rejeitar a ideia de que para ser grande, é preciso se tornar insensível. De que para ter impacto, é preciso romper com o afeto. De que sucesso exige abandono, solidão ou desumanização.
Nós, mulheres, não precisamos seguir esse caminho para conquistarmos os nossos sonhos.
Estamos inaugurando uma nova lógica de poder. Uma lógica que entende que sensibilidade é força. Que equilíbrio é estratégia. Que cuidar de si e dos outros é uma competência de liderança — e não um luxo.
Tenho tido o privilégio de acompanhar mulheres que estão criando empresas, ocupando cargos estratégicos, liderando mudanças reais. E o que elas mostram é que é possível unir ambição com presença. Resultado com escuta. Visão com conexão.
A biografia de Musk é uma leitura essencial — porque nos inspira e, ao mesmo tempo, nos provoca. Ela nos obriga a pensar no que queremos construir. E no que não queremos mais repetir.
Se ele nos mostra o que é possível alcançar com foco e genialidade, nós podemos mostrar o que é possível alcançar com consciência e humanidade.
Esse talvez seja o verdadeiro futuro.
E ele já começou — liderado por mulheres que ousam fazer diferente e claro com a participação dos homens.
✨ E você, o que escolhe admirar — e o que escolhe deixar para trás?
Com carinho,
Gabriela
Sobre o Livro:

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