# 23 O Poder de Desconectar: Como Minhas Férias de Verdade Transformaram Minha Vida e Meu Negócio

Resolvi que este ano ia tirar férias. Mas férias de verdade. Sem pensar no trabalho, sem carregar o peso das responsabilidades, sem a cabeça cheia. Nunca tinha me permitido esse luxo, e hoje me pergunto: por quê? Sempre levei o computador comigo, respondi e-mails como se nada mudasse, mesmo antes de o trabalho remoto ser comum.

Lembro de um episódio marcante no ambiente corporativo: a única vez que avisei que precisava sair mais cedo para viajar com meu filho. Meu chefe fechou a cara como se eu tivesse cometido uma heresia. Passagens compradas, tudo acertado, era sexta-feira após o almoço, e eu estava no Rio de Janeiro, pronta para voltar a São Paulo. Mas antes de sair, recebi um comentário carregado de sarcasmo: — Se você tem que ir, vai. Não se preocupe.

O medo me tomou. Estava certa de que meus dias na empresa estavam contados. Afinal, como ousava tirar férias no meio de tantas coisas acontecendo? Mas, pensando bem, na minha empresa sempre havia muitas coisas acontecendo.

A diferença? Eu era uma mulher, e pior: uma mulher que queria viajar com o filho. Como ousei achar que poderia? Só faltou ouvir um "só podia ser mulher" ou "por isso não contrato mulher”

Engoli o choro e fui. Mas aquela semana de "férias" foi, na verdade, a mais trabalhada da minha vida. E, honestamente, não sei quanto isso fez diferença para a empresa, mas para mim fez toda a diferença: não foram férias de verdade.

Quando deixei essa empresa eu tinha mais de 60 dias de férias para tirar. Eu sei que era um momento de eu trabalhar muito, estava galgando espaços na minha carreira. Mas hoje me pergunto: Valeu a pena? Fez diferença? Acredito que não.

Por essas e outras, decidi que este ano seria diferente. Resolvi desconectar de tudo. Pela primeira vez, eu não tinha um chefe para me vigiar ou recriminar. Sou minha própria chefe. Ainda assim, não foi fácil. Corri o risco duplo de deixar as coisas paradas no meu negócio e enfrentar meu medo de "perder algo importante".

Só depois que voltei, percebi o impacto positivo dessa decisão. Descansar me fez florescer em criatividade. As conexões emocionais que vivi me trouxeram ideias frescas, e o tempo desconectada me tornou mais fértil de insights do que nunca.

Hoje sinto uma espécie de ressaca — não de cansaço, mas de tanto que acumulei dentro de mim. Ideias borbulhando, post-its mentais girando como cenas de um filme de ficção. Agora, preciso organizá-los, juntar as peças, traçar planos e começar a agir.

Estou revigorada. É como se eu tivesse ganhado uma página em branco, pronta para ser preenchida com cores vibrantes. Janeiro está quase no fim, e 2025 já começou. Minha meta agora é completar essas páginas com tudo o que quero criar, construir e continuar.

Antes, eu tinha medo de tirar férias, achava que ia perder algo importante. Agora, volto com um F.O.M.O. (Fear of Missing Out) totalmente diferente: o medo de não aproveitar toda a abundância que se acumulou dentro de mim durante as férias.

Te convido a refletir: o que você vai fazer de novo nos próximos meses? Um novo negócio? Um hábito? Ou, quem sabe, planejar suas próximas férias de verdade?